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Que seja eterno enquanto dure! PIB do Brasil cresceu acima das expectativas no 2º trimestre

PIB do Brasil avança mais de 1% pelo segundo trimestre consecutivo e deve impulsionar as projeções de crescimento econômico no curto prazo .

O PIB do Brasil cresceu 1,2% no 2º trimestre em comparação ao 1º trimestre de 2022, acima das expectativas (XP: 1,0%; consenso de mercado: 0,9%). Em relação ao 2º trimestre do ano passado, o PIB cresceu 3,2% (XP: 3,0%; consenso: 2,8%). Com isso, a economia brasileira encontra-se 3% acima do nível registrado logo antes da deflagração da pandemia do coronavírus. Entre os fatores explicativos do desempenho sólido da atividade doméstica no período recente, destacamos: (I) recuperação das condições do mercado de trabalho, com aumento disseminado do emprego e maior massa salarial; (II) benefícios remanescentes da reabertura econômica, com aumento da mobilidade em áreas de varejo e lazer; e (III) estímulos fiscais de curto prazo, tais como a liberação de saques extraordinários do FGTS e pagamento antecipado do 13º salário do INSS.

A maioria dos componentes pela ótica da oferta avançaram na comparação entre o 1º e o 2º trimestres. O setor de serviços permaneceu em trajetória de recuperação bastante sólida no trimestre passado, puxado especialmente pela maior interação social e retomada do mercado de trabalho. O PIB do setor terciário situa-se cerca de 3,7% acima dos níveis pré-pandemia. O PIB da Indústria também melhorou substancialmente no 2º trimestre, acelerando em relação ao trimestre anterior (2,2% versus 0,6%), com expansão em todos os subsetores. Destaque especial para o aumento mais forte que o esperado da Construção Civil, Serviços de Utilidade Pública e Extrativa Mineral. Por outro lado, o PIB da Agropecuária veio abaixo das estimativas, avançando apenas 0,5% entre abril e junho após queda de 0,9% entre janeiro e março.

Pela ótica da demanda, a aceleração do Consumo das Famílias (alta de 2,6%) e a retomada dos Investimentos (salto de 4,8%) tiveram protagonismo. Com isso, a Absorção Doméstica aumentou 2,4% no trimestre passado. Enquanto isso, o Setor Externo contribuiu negativamente para a variação do PIB total, compensando a elevação acentuada da leitura anterior (-2,0% no 2º trimestre, após +1,9% no 1º trimestre). Por sua vez, a Variação de Estoques adicionou 0,8pp ao PIB total no 2º trimestre, após retirar 0,5pp no 1º trimestre. A tabela abaixo traz os resultados desagregados das Contas Nacionais Trimestrais.

O que esperar adiante?

O chamado efeito de carrego estatístico (isto é, assumindo taxas de variação nulas entre o 3º e o 4º trimestres) para o crescimento do PIB de 2022 subiu de 1,5pp para 2,6pp – é importante notar que houve revisão altista na variação do PIB do 1º trimestre, de 1,0% para 1,1%. Ainda esperamos desaceleração da atividade doméstica no semestre corrente. No entanto, estímulos fiscais adicionais (ex: valor mais elevado do programa “Auxílio Brasil” e vouchers para caminhoneiros/taxistas) e solidez dos mercados de trabalho e crédito devem permitir um arrefecimento econômico suave.

Portanto, nossa expectativa para o crescimento do PIB em 2022, atualmente em 2,2%, tem claro viés de alta. Acreditamos que a maioria das projeções de mercado ficará no intervalo entre 2,5% e 3,0%. Por fim, também atribuímos um viés positivo à previsão de aumento de 0,5% para o PIB de 2023, a despeito da política monetária em território amplamente contracionista (vemos a taxa Selic em 13,75% até meados do próximo ano) e do enfraquecimento da economia global.